Desde criança tenho sentimentos confusos com relação ao 8 de março, o dia internacional da mulher. Eu já sabia desde cedo que o 8 de março era uma referência aos protestos de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, mas mesmo assim algo me incomodava em receber, nesse dia, parabéns e rosas. Eu, que sempre tive uma veia feminista, mas que até recentemente não havia me ocupado efetivamente com a questão de gênero, já quando criança me via às voltas com a seguinte questão: por que é que estão me dando parabéns? A pergunta não é trivial e hoje sei que o meu incômodo também não era. A grande maioria dos “parabéns” que recebi até hoje no dia 8 de março foram porque, por ser mulher, eu seria automaticamente meiga, graciosa, delicada, feminina, perfumada, bela, esposa e mãe. Pelo menos é isso que dizem todos os cartões de dia da mulher . Cartões esses que, não só não me agradam, como me ofendem. Isso porque eu recuso esse conceito de mulher enquanto bibelô, enquanto adorno
Textos sobre feminismo, transformação e auto-conhecimento