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Mostrando postagens de 2015

Mulheres na frente e atrás das câmeras: Como vai você, Olívia?

“Finalmente um filme que fala de maternidade sob uma perspectiva feminista” foi o primeiro pensamento que me veio à cabeça quando terminei de ver o incrível “Olmo e a Gaivota”. E não por acaso a ficção documental, que mostra o ponto de vista de uma atriz de teatro durante sua gravidez real, foi dirigida por duas mulheres, a brasileira Petra Costa e a dinamarquesa Lea Glob. A forma através da qual as diretoras misturam ficção e realidade faz com que o filme seja muito mais do que a discussão sobre um tema importante: ele é propriamente uma obra de arte. Como é bom – e raro – assistir a filmes de mulheres! Racionalidade à parte, os sentimentos que me vieram foram vários: fiquei profundamente tocada com esse filme, que conversou diretamente com minhas muitas questões em torno da maternidade (uma realidade ainda ausente da minha vida, mas que se mostra cada vez mais próxima e possível). Não sei se quero ser mãe. Sei que agora não quero – apesar de que sei também que não interr

"Viagra feminino" - o sintoma de uma sociedade doente

Finalmente chegou a solução milagrosa para a "falta de libido feminina", ela é rosa, vem em forma de cápsula e traz inúmeros efeitos colaterais. Não deve ser ingerida por mulheres com insuficiência hepática, nem junto com álcool e nem junto com a pílula anticoncepcional (outro problema sério, como pode-se ver aqui ). O que vem sendo vendido como uma conquista de igualdade para as mulheres - "se os homens têm direito a Viagra, por que as mulheres não têm?", dizem os jornais - é, na minha visão, uma excelente vitória da indústria farmacêutica, do mercado das patologias, em suma, de uma sociedade doente. Doente não só porque capitalista e cada vez mais desconectada da natureza (quem foi a pessoa louca que inventou a farmácia com tudo que a gente precisa pra ser saudável nascendo do chão?), mas porque obcecada com a doença, tudo é doença. A criança não consegue ficar 5 horas sentada em uma sala de aula e depois concentrar no inglês, no judô, no balé e na aula particu

O que queremos reduzir?

Esse é um guest post de mim mesma com 16 anos. Depois da triste aprovação da proposta de emenda constitucional para reduzir a maioridade penal pela Comissão de Constituição e Justiça, me lembrei desse texto que escrevi na adolescência para um jornal mural que eu e uns amigos inventamos. Considerando que o caminho para a efetiva aprovação da PEC ainda é longo, quis resgatar o texto para contribuir com o debate. Optei por não fazer alterações: O que queremos reduzir? Henry Thoreau, considerado pai do anarquismo, já nos atentou para o fato de que o Estado aprisiona o corpo dos transgressores por não conseguir parar seus pensamentos. Encher as penitenciárias de pessoas que são um incômodo para a sociedade, lembrando que a maioria dos presos é de classe baixa, nada mais é do que fechar os olhos para um grave problema. Encher as penitenciárias de incômodos em potencial, ou seja, reduzir a maioridade penal, é não só ignorar a crise que estamos vivendo como agravá-la. As péssimas co