Foi inaugurada, em 26 de outubro em
Belo Horizonte, uma experiência artístico-político-cultural
totalmente nova: o Espaço Comum Luiz Estrela, uma ocupação que
pretende ser um centro cultural autogestionado. Acompanhei de perto o
processo de planejamento, apesar de não fazer efetivamente parte
dele, e digo aqui de algumas impressões sobre o mesmo e sobre os
significados dessa iniciativa.
A primeira coisa que me chamou atenção foi o comprometimento intenso do grande número de pessoas envolvidas no processo de concepção, ocupação e organização do espaço. Pessoas que tiveram muito trabalho para tornar esse projeto realidade por acreditarem profundamente na construção coletiva, na autogestão, no potencial revolucionário da arte, na importância de ocupar e pautar a cidade.
A segunda coisa que me chamou atenção foi a coerência do processo. Além da construção ter sido sempre baseada no diálogo horizontal intenso, a arte serviu como meio, e não apenas como fim. Tanto a vistoria como a entrada dos primeiros ocupantes na casa – anteriores ao dia 26 de outubro – foram feitas em meio a lindas encenações teatrais, que serviram como presságio da beleza que seria a ocupação propriamente dita.
A terceira coisa que me chamou a atenção foi a inteligência política de associar, à luta por uma nova concepção de arte e cultura, as causas da desmilitarização da PM e da luta antimanicomial, uma vez que a casa se encontra ao lado de um hospital psiquiátrico e perto do 1º Batalhão da Polícia Militar e já foi ela própria uma enfermaria do hospital militar. Dessa forma, aparentes problemas foram transformados em virtudes, ou mais do que isso, em necessidades: a ocupação tinha que ser ali, ao lado das coisas que lutamos contra, pois não há lugar melhor do que a cidade e a rua para a emergência das contradições e consequente disputa de espaço e idéias. Da mesma forma, a escolha do homenageado, o recentemente assassinado morador e poeta de rua e integrante do grupo Gangue das Bonecas (que discutia gênero e diversidade sexual) Luiz Estrela, indica a forte aliança do espaço também a outras lutas: contra a higienização da cidade, pelos direitos dos moradores em situação de rua, pela igualdade de gênero, pelo direito à diversidade sexual.
Quando uma coletividade se compromete tão seriamente
a uma causa, quando o processo é tão respeitável quanto o
resultado, quando a luta política se dá de forma tão integrada e
elaborada, é sinal de que as coisas estão prestes a mudar. Ou
melhor, quando um espaço como o Estrela surge, isso não significa
que as coisas podem mudar, significa que já mudaram. E vão
continuar mudando.
A primeira coisa que me chamou atenção foi o comprometimento intenso do grande número de pessoas envolvidas no processo de concepção, ocupação e organização do espaço. Pessoas que tiveram muito trabalho para tornar esse projeto realidade por acreditarem profundamente na construção coletiva, na autogestão, no potencial revolucionário da arte, na importância de ocupar e pautar a cidade.
A segunda coisa que me chamou atenção foi a coerência do processo. Além da construção ter sido sempre baseada no diálogo horizontal intenso, a arte serviu como meio, e não apenas como fim. Tanto a vistoria como a entrada dos primeiros ocupantes na casa – anteriores ao dia 26 de outubro – foram feitas em meio a lindas encenações teatrais, que serviram como presságio da beleza que seria a ocupação propriamente dita.
A terceira coisa que me chamou a atenção foi a inteligência política de associar, à luta por uma nova concepção de arte e cultura, as causas da desmilitarização da PM e da luta antimanicomial, uma vez que a casa se encontra ao lado de um hospital psiquiátrico e perto do 1º Batalhão da Polícia Militar e já foi ela própria uma enfermaria do hospital militar. Dessa forma, aparentes problemas foram transformados em virtudes, ou mais do que isso, em necessidades: a ocupação tinha que ser ali, ao lado das coisas que lutamos contra, pois não há lugar melhor do que a cidade e a rua para a emergência das contradições e consequente disputa de espaço e idéias. Da mesma forma, a escolha do homenageado, o recentemente assassinado morador e poeta de rua e integrante do grupo Gangue das Bonecas (que discutia gênero e diversidade sexual) Luiz Estrela, indica a forte aliança do espaço também a outras lutas: contra a higienização da cidade, pelos direitos dos moradores em situação de rua, pela igualdade de gênero, pelo direito à diversidade sexual.
Foto: Maxwell Vilela |
A inauguração do espaço, que deveria ter acontecido antes, mas que foi adiada para o dia 26 de outubro por motivos de força maior, coincidiu (sem que se atentasse pra isso) com o marco de 4 meses do assassinato de Estrela. A casa, de propriedade da FHEMIG, também coincidentemente, completa em 2013 seu centenário. E qual não é nossa surpresa ao ver a foto, que alguém postou na página do Espaço Comum, do Estrela exibindo um receituário da FHEMIG. Os mais místicos dirão que o universo, os orixás, ou o espírito de Estrela conspiraram a favor, os mais céticos dirão que são apenas coincidências. Mas ninguém pode negar a poesia de tais acontecimentos e a beleza que contamina cada detalhe dessa iniciativa lindamente revolucionária. O Espaço Comum Luiz Estrela é muito mais do que uma ocupação cultural, é a possibilidade de uma nova ideia de cidade, que começa a sair do plano da utopia e que vemos se materializar, gradativamente, frente a nossos olhos.
Que Lixo !!! Que Black-Bosta !!! Mais respeito pela Propriedade Privada dos outros (em sentido amplo - do corpo aos bens materiais).
ResponderExcluir'propriedade privada dos outros'
Excluirtá sabendo legal.
O Espaço Comum Luiz Estrela está instalado em um bem público (sabe o que significa P-Ú-B-L-I-C-O???)
ExcluirABANDONADO pelo Estado há 30 anos...
quanto odio pra pouco argumento.. vandalize seu coração!
ResponderExcluirA NOVA CASA DOS BICHOS-GRILOS
ResponderExcluirE a cada dia a situação fica mais impressionante. A esquerda festiva tem a constante necessidade de "inovar" segundo seus próprios preceitos.
Já não bastasse tudo aquilo que fizeram para [des]construir a Assembleia Popular Horizontal, as ocupações no centro da didade e outros atos políticos, agora eles tentam criar o que chamam de "ocupação", no espaço "Luiz Estrela".
O que me surpreende não é a extrema falta de avaliação das questões e politização dos atos, mas como nunca cansam dessa necessidade de demonstrar como são coloridos e festivos por aí, pulando pelo centro da cidade como se fosse um carnaval da Savassi - afinal, é a terra natal desses playboys que se dizem conscientizados.
Belo Horizonte é uma cidade com várias ocupações, espalhadas pelo cantos periféricos e esquecidos. A esquerda combativa e organizada busca ir a estes lugares a todo momento, e ajuda na construção. A falta de recursos não é um problema, e recorrem ao que for possível, dentro da luta. Capinar lote, mapear comunidades, ajudar a erguer barraco: todo o trabalho é feito por todos.
Mas nunca vi nenhum desses playboys dessa esquerda festiva - que só pensa em pintar a cara e tirar fotos com suas câmeras semiprofissionais durante as manifestações - conhecer algum lugar destes. Eles não saem de sua zona de conforto (Centro-Sul e outros bairros tradicionais de suas famílias de classe média alta de outras regionais). Não é à toa que lá nasceu o Espaço Comum Luiz Estrela. É no meio desses bairrinhos que fica sua limitada territorialidade, a sua restrita mentalidade e seu nojo de pobre.
Mais absurdo ainda é como eles vestem toda manifestação de "artística" ou "político-cultural", como se no mínimo o objetivo de cada um desses é ingressar na juventude do PT ou da Rede. É um transbordar de babaquice da fachada que têm os "tilelês" ou "bichos-grilhos", e seu carnaval meia-boca de mimados da zona sul. E pode saber que quando você vê panos de chita demais, alpargatas e óculos Ray Ban em excesso, aí meu amigo, tem um problema.
É a esquerda festiva rastejando seu carnaval murcho por aí, sua mobilização de quinta e sua falta de política na mão. Afinal, é fácil botar um nariz de palhaço e ir cantar MPB no bairro vizinho; quero ver pegar três ônibus e levantar barracão de lona sob o sol forte!
Mal posso esperar pela desapropriação dessa pseudo-ocupação.
Enquanto as esquerdas se combatem, as direitas comemoram.
Excluirpesado como um elefante, eficaz como uma topeira
Excluirih... este mimimi todo me parece recalque! O texto revela mais sobre o autor, egocêntrico, preconceituoso, sectário, do que uma tentativa de crítica. Fica a dica. rsrsrs...
Excluircheirando a turminha do chapéu, a juventude direitista que tem vergonha de mostrar a cara. nojo de e resposta.
Excluirte convido passar no espaço e desempenar suas ideias tortas :)
Excluira velha esquerda tá com ciúmes por que não consegue mais conquistar ninguém. ficou chata...
ExcluirADEUS VELHA ESQUERDA, morreu e esqueceu de cair! Junte-se a nós, vem pensar todos os espaços da cidade, vem conhecer o Espaço COMUM Luiz Estrela, vem ver que tem gente envolvida com todas as ocupações da cidade sim.
veja com seus próprios olhos, os palanques estão vazios....
Não concordo com tudo com o que a pessoa escreveu acima. Mas concordo 100% de que a territorialidade dessa galera é restrita a região centro-sul e a contorno! Local que carece de ocupação cultural é a periferia!
ExcluirVamos parar de criticar e começar a enxergar a critica pelo lado positivo!
Quanta mentira numa só redação. Impressionante como a direita engajada aprendeu a escrever direitinho, o texto quase me convence, se eu não conhecesse os envolvidos na ocupação. Ao contrário do que pensa são pessoas que lutam pela tarifa zero que vai mudar a vida dos que pagam três ônibus para chegar em casa, são pessoas que se formaram em direito por exemplo e exercem a defesa das famílias do Dandara, Eliane Siva etc.. totalmente ao contrário do que você diz... seu preconceito é podre; Fale de você e não dos outros.
ExcluirMas oxe, as ocupações são tantas… Todos participam. Todo mundo tem rotatividade nessas ocupações, oras. Já vi gente da APH no Dandara, gente do Luiz Estrela no Guarani-Kaiowá e por aí vai.
ExcluirTem quase um mês que a festiva está morando na ocupação Rosa Leão, levantando barraco, capinando lote, cavando fossa, plantando horta, praticamente sozinha, e realizando mais todo tipo de atividade social na comunidade, que seriam mais "dignas" do que festejar, que acordo com seu ponto de vista preconceituoso. Mas eu imagino que não é isso que vai mudar sua opinião, e nem acredito que você tenha coragem de expor suas idéias honestamente, sem máscaras. Sai do armário, reaça.
ExcluirVocê, com esse argumento pobre e reducionista, por algum acaso está ajudando a "capinar lote, mapear comunidades, erguer barraco de lona sob sol forte"; enquanto a ~esquerda festiva~ não se cansa de demonstrar como são coloridos e EFICIENTES??? Ninguém está ali para fazer do espaço um "carnaval meia-boca", meu caro. Existe uma CAUSA! E se naquele bairro existe alguma limitação/restrição, a ocupAÇÃO está acontecendo no lugar certo! Passa lá pra conhecer, se possível colaborar, participar dos debates... só não vale atrapalhar, pq estão todos trabalhando... e muito!
ExcluirParabéns pelo texto, Nathalia!
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirO mais pobres dos seres é aquele que não aceita as diferenças... Em seu mundo todos tem que ser, agir e pensar como eles... Acredito que faltou espaços como esses para expandir seus horizontes, hoje infelizmente são apenas mentes vazias rodeadas de paredes!!!
Excluirseu texto é excelente pq demostra que você ainda não conhece o espaço e muito menos o que ele propõe, talvez muito menos leu toda essa reportagem, você é totalmente ignorante sobre o que está acontecendo lá, e você será o primeiro a mudar de ideia quando conhecer de perto as pessoas que estão lá agora, quero ver se você será capaz de pedir desculpas por esse texto totalmente preconceituoso sobre o que você apenas imagina. Esse movimento não é nada igual a nada que você escreveu, deveria pedir desculpaspela sua ignorância e ir conhecer antes de sair desabafando besteiras, lá todos são tratados com muito amor e atenção talvez seja isso que você precise no momento e já sabe onde encontrar.
Excluir[MPB] Minha dor é perceber que no século 21 tem galerinha querendo fazer revolução com imposição de valores, com base no ostracismo do “certo e errado”. Valor a gente mostra e apresenta. E o outro pega se quiser.
ExcluirCara, que ridículo isso tudo que vc falou e ainda tem coragem de falar como se a gnt nao pegasse tres onibus e levantasse barraco de lona .. Vai na ocupação do Rosa Leão pra vc ver primeiro o que que está acontecendo e quem está ajudando antes de vc falar bosta por aí.
ExcluirO cara está se incomodando pela "festividade", daí a gente já vê que é só choro de gente com alma de velho. E fala mal baseado em algo que só se encontra no mundinho dele, porque eu duvido que essa pessoa já tenha colocado os pés no espaço comum. E ainda posta como anônimo, ou seja, babaquinha covarde.
Excluirpesado como um elefante, eficaz como uma topeira
ResponderExcluirMassa o texto Nat! Depois vou dar uma passada lá.
ResponderExcluirespero que de certo, precisamos de mais espaços assim, quanto aos problemas sempre existiram, e sempre existirão, façamos a autocritica sem nos desmobilizarmos!
ResponderExcluirNossa!!! Se não fosse assim, acho que chamais saberia que meu amigo tinha sido assassinado. Gostava muito do Luiz. pena ele ter se enveredado por caminhos tortuosos.
ResponderExcluirOcupação = Espoliação do patrimônio de alguém (seja público ou privado). A solidariedade às ''ocupações'' terminará quando começarem a ocupar / espoliar os bens dos participantes e apoiadores das ocupações. Aí sim quero ver se continuam apoiando espoliações. Enfim: Por mais políticas públicas legais na área habitacional (dentre outras) e menos espoliações. Mais respeito pelo que não é propriedade exclusiva de vocês ou dos seus grupos.
ResponderExcluiré tudo nosso Zé. cola e soma. num é exclusividade de ninguém não.
Excluirbelo texto Nat!
ResponderExcluirE Tarifa Zero é picaretagem. Uns querendo o privilégio de andar de graça às custas de todos os outros - toda sociedade - que pagarão por isso. Vide SP, onde benefícios foram concedidos e a Prefeitura petista jogou o IPTU lá nas alturas pra compensar o prejuízo. Problemas não se solucionam com mágica ou políticas inconsequentes.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirIncrível como sempre tem alguém pra apontar a Turma do Chapéu quando o texto é de crítica à esquerda, seja festiva ou não...
ResponderExcluirMelhor ser esquerda colorida do que que direita preto e branca!
ResponderExcluirE filmo mesmo com minha câmera profissional, e posto mesmo no meu facebook. Todos vão achar lindo e curtir. Igual os novos baianos faziam.... isso vai entrar pra história, e eu não conheço um lugar tão legal quanto esse aqui na zona sul. Moro nela há quase vinte anos e é a primeira vez que vi isso acontecer! Estamos de parabéns pela revolução! E vocês aí, da direita preto e branca, parem de rir do meu nariz de palhaço.
me desculpem pelo "que" repetido, deu pau no meu iphone.
ResponderExcluirhahahahahahahahahahaha....mandou bem!
ExcluirNão acho que o comentário acima é de turma do chapéu, e acho também que perdemos muito auto-crítica em classifica-lo assim. Concordo só que o anônimo perde muito em desclassificar a ocupação sendo que ela está a se construir. Agora o que mais vale é o trabalho de todos, e a auto-crítica, sempre. Lembrando da frase do Zizek:
ResponderExcluir"Não se apaixonem por si mesmos, nem pelo momento agradável que estamos tendo aqui. Carnavais custam muito pouco – o verdadeiro teste de seu valor é o que permanece no dia seguinte, ou a maneira como nossa vida normal e cotidiana será modificada. Apaixone-se pelo trabalho duro e paciente – somos o início, não o fim". Slavoj Zizek, sobre o Occupy Wall Street
mas quem foi o Luiz Estrela? nem o google me respondeu...
ResponderExcluirLuiz Estrela
ExcluirLuiz Otávio da Silva, mais conhecido como Luiz Estrela, era uma pessoa. Vivia na rua e era amigo de muitos, principalmente dos artistas e dos habitantes do centro da cidade de Belo Horizonte. Poeta, escrevia seus pensamentos em folhas soltas, numa espécie de diário desencadernado. Participava das mobilizações artísticas e culturais da cidade, como carnaval de rua, Praia da Estação, Festival de Performance, atrações no Teatro Espanca!, no Nelson Bordello, entre outras.
Era ainda um militante da diversidade. Homossexual, foi integrante da 'Gangue das Bonecas', um grupo de estudos que discute questões relacionadas ao gênero e diversidade sexual nas ruas. Com a gangue, também realizou intervenções urbanas pela cidade.
O Luiz Estrela era muitos, de muitas histórias, de muitas pessoas e foi covardemente assassinado por espancamento no centro de BH na noite de quarta feira, 26 de junho de 2013. Sua morte brutal não foi investigada.Virou mais uma estatística para o poder público. Nos últimos dois anos, mais de 100 moradores em situação de rua foram assassinados em BH.
Eu lembro dele, gente finassa.
ExcluirAlguém decidiu "limpar" a cidade, e varreram os moradores de rua do centro. Cada um com sua morte.
Bh é o ápice do conservadorismo. Aqui nada um pouquinho fora do padrão é visto com bons olhos. Tudo e todos tão iguais, inseguros, olham torto, criticam até matam o que não é parte deles.
Bh censurou o Luiz e quantos outros por serem livres?
http://atingidoscopa2014.wordpress.com/2013/10/30/o-que-aconteceu-com-estrela/
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