Sabe aquela vovó que fica em casa tricotando e fazendo bolo? A Nana,
minha avó, nunca foi assim. Sempre foi uma avó ativa, antenada, de espírito
jovem.
Desde criança sou encantada com ela. Adorava dormir em sua casa, passear
com ela no feirashop, ir ao cinema, ao teatro e ao clube. E quanto mais eu
crescia, mais eu a admirava. E pensava sempre: quando eu crescer, eu quero ser
igual à Nana.
A Nana é mais jovem do que muito amigo meu, ela gosta de funk, de Ney
Matogrosso, ela vai com frequencia ao cinema, e ainda bebe uma cervejinha
diariamente. Mas junto com toda essa jovialidade que eu tanto gosto, ela traz
também muita sabedoria, e é por isso que sempre ouço atentas às suas histórias,
que terminam geralmente com um ditado popular. Acho que é por causa dela que eu
peguei tanto gosto por tais ditados...
Como feminista que sou (e talvez ela tenha uma parcela de
responsabilidade nisso), admiro muito sua força e independência. Admiro também
sua abertura para lidar com o diferente e a ausência de preconceitos muito frequentes
nas pessoas de sua geração.
Por tais motivos, e muitos outros que não conseguirei citar aqui, tenho
minha avó como um grande exemplo e desejo que todas as mulheres cheguem à sua
idade com a mesma autonomia, liberdade e vigor e que se dediquem às suas próprias
vidas, como faz a Nana, que, já na terceira idade, voltou a ser pintora.
Hoje, no dia de seu aniversário, faço essa singela homenagem, para
agradecer por todos os ensinamentos que ela me dá diariamente sem que tenha
consciência disso. Desejo tê-la por perto por mais muitos e muitos anos, pois
além de fazer o melhor arroz que já comi, a Nana é uma das avós mais incríveis
que já tive notícia.
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