Sou uma sonhadora incorrigível. Essa noite, no entanto, habitaram meus sonhos imagens de fogo e destruição. Fiquei profundamente abalada com o incêndio do Museu Nacional, esse lugar tão especial por diversos motivos. Um lugar que continha um patrimônio histórico incalculável, tanto para o país quanto para a humanidade. Um lugar que além de cuidar do passado, era palco de uma atual e efervescente produção de conhecimento, uma vez que abrigava diversos programas de pós-graduação da UFRJ. Como Antropóloga que sou, ver queimar a casa de um dos mais renomados programas de pós-graduação em Antropologia do país, casa também de muitas pessoas queridas que passaram ali anos desenvolvendo seus mestrados e doutorados, me parte o coração. Me parte o coração também em um lugar muito pessoal, pois grande parte da minha relação com minha cidade do coração, o Rio de Janeiro, passa pelo Museu Nacional, de onde guardo bonitas memórias das atividades acadêmicas pontuais que vivenciei lá.
Começo dizendo que sei que, apesar de não ser um número expressivo, há homens que fazem alguma espécie de terapia, mas meu ponto com esse texto é que a proporção de mulheres que buscam essa ajuda para lidar com suas questões psicológicas e emocionais é absurdamente maior. Vejo com frequência homens em sofrimento muito resistentes a entrar em algum tipo de tratamento terapêutico, como se eles fossem bons demais pra isso, como se não precisassem de ajuda em nada, como se isso fosse coisa de gente doida, ou pior, como se fosse "coisa de mulher". Fico pensando que essa idéia culturalmente enraizada da mulher histérica, emocionalmente desequilibrada, em contraste com a do homem forte e independente contribui muito pra essa resistência masculina, mesmo nos meios mais "descolados" e pretensamente desconstruídos. E aí fico pensando o impacto que essa ausência de investimento em auto-conhecimento e auto-transformação por parte dos homens tem na nossa sociedade: como